UVVA, dia 1

Fui convidada para participar no UVVA - Universo do Vinho Verde Amarante, pela Câmara Municipal de Amarante, para provar os vinhos verdes da região.
O programa, bem delineado, foi iniciado com uma visita ao centro de Amarante.
A alusão ao S. Gonçalo, o casamenteiro e desencalhador de solteiras (e hoje, em pleno século XXI, também desencalhador de homens), a homenagem ao pintor Amadeu Souza-Cardoso, amarantino, falecido há cem anos, a quem o UVVA presta o seu tributo nesta edição, fizeram parte do passeio onde se encontrava uma comitiva de jornalistas e bloggers austríacos, espanhóis, franceses, suíços, alemães, argentinos, americanos, chineses, italianos e portugueses, estes últimos os meus companheiros nesta aventura.
Amarante faz parte da minha infância. A sua gastronomia, os seus doces típicos, as  deliciosas e muito apetecíveis Lérias, Foguetes, Papos de Anjo e Brisas do Tâmega e o seu vinho são uma opção que me garantem momentos de prazer e qualidade. Nesta cidade, o que mais aprecio é o centro se encontrar a envolver o rio Tâmega, que tem o hábito de invadir casas e ruas, e é muito engraçado reparar nas placas que vão indicando por onde ele já passou.
Após o passeio pedonal, chegamos ao claustro do Convento de S. Gonçalo.
Um universo de vinhos verdes à espera, brancos e tintos, onde encontrei verdadeiros prazeres que abordarei individualmente.
Após a abertura e inauguração do evento pelo anfitrião, o presidente da câmara, José Luís Gaspar Jorge, dei início ao meu passeio pelo recinto vínico. Para ser completamente diferente, comecei as provas com vinhos da República Checa, com as suas castas brancas mais emblemáticas, Grüner Veltliner, Müller Thurgau, Riesling e Grüner Sylvaner.
Gostei da experiência, contudo, não me reteve o suficiente, em um recinto cheio de garrafas prontas a serem degustadas e a chamar por mim.
Na região de Amarante, as castas típicas são Azal, pela qual tenho uma carinho especial, Alvarinho, Avesso, Loureiro, Trajadura e Arinto, que nesta região é chamada de Pedernã.
Provei vários produtores, Sem Igual, do qual sugiro o Sem Igual Ramadas Wood 17; Ajts, que sugiro o Escolha Branco 2018, todavia também poderia sugerir o Escolha Tinto 2015; Casa Senhorial do Reguengo, onde sugiro um espumante que me apaixonou, o No Added Sulphites 2017; Portal da Calçada, com o Espumante colheita Imperial Bruto 2017; Quinta do Silvoso com o seu vinhão; Casa dos Oleiros; e, Quinta das Pereirinhas.
Seguindo a minha agenda e deixando as provas a meio, dirigi-me à Casa da Calçada Hotel, onde jantei no Restaurante Largo do Paço.
O jantar foi uma harmonização entre Arte, Vinho e Gastronomia. O Paulo Pimenta e o Francisco Rebello de Andrade ligaram sabiamente vinho e arte. Cada prato servido foi combinado com vinhos que harmonizavam com obras de Amadeu Souza-Cardoso. 
Usei os cinco sentidos com prazer. 
A visão ficou retida na interacção entre as obras do Amadeu e os pratos do chef Tiago Bonito.
A audição foi ocupada pelos sábios comentários do Paulo e do Francisco, numa analogia entre as cores, os riscos, o desenho e os néctares que tinha no copo.
O paladar foi o continuar da vivência da visão. O tacto foi dado pela deliciosa aspereza de alguns taninos e pela baixela usada no restaurante do hotel. O olfacto é o meu delicioso companheiro na minha paixão.
Apresento as minhas harmonizações preferidas nestas imagens!
Os vinhos harmonizados foram doze, e todos merecem destaque.
À chegada, fui recebida com o espumante Portal da Calçada Cuvée Prestige, acompanhado por um pôr do sol estonteante sobre o burburinho do rio Tâmega. Com o primeiro prato, salmão marinado, bebi Flor de Tâmega Grande Escolha 2018, Quinta de Levada Origens Azal 2018 e VG Grande Escolha 2018. A harmonização perfeita esteve dividida entre os comensais da minha mesa, mas eu desempato aqui exibindo a minha favorita.
O segundo prato, pescada com cogumelos selvagens, ameijoas que se intrometiam com a espuma de Avesso, a cremosidade da gema do ovo e a redução de sucos, foi servido com Quinta de Palmeirinha Loureiro 2017, Casa de Cello Escolha 2015, AB Valey Avesso reserva 16 e Ajts Vinha do Menino 2018.
Na doçura da sobremesa, um gelado de manga servido com creme brulée e um Amor-perfeito, que guardei no meu Livrinho, serviu-se  o Winter Harvest 2017, um Espadeiro colhido em Fevereiro e o Blanc des Blancs Brut Nature, um espumante seco que apreciei bastante, ambos da Quinta dos Carapeços.
Um paring intenso foi o café com a Aguardente Vínica Velho XO do Conde de Amarante.
Excelentes momentos, onde a companhia foi prazenteira e a vontade que o dia acabasse era quase nula.

Deixarei o dia seguinte, carregado de provas e emoções para amanhã.

Até breve,

Menina do Livrinho . wine

Comentários

  1. Amor perfeito no livrinho, fantástico!!!

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  2. É verdade, Susana!
    Coleccionando memórias.

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    1. E, o Amor-Perfeito ficará para sempre no meu Livrinho.
      Algo físico, num mundo de memorias.

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  3. Um winter harvest espadeiro? Espadeiro é uma casta dos vinhos verdes?

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    1. Olá, Álvaro.
      É uma casta autóctone portuguesa, com um bago de tamanho médio e arredondado, com uma cor negra-azul.
      Vinificado, normalmente, pelo método da bica-aberta para se obter um vinho rosado, é conhecido na região dos vinhos verdes como Espadal.

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  4. Cheia de sorte, cocecional memórias para juntar às outras às de infância.
    Doces dessa região fantásticos com bons vinhos verdes .

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  5. Olá, UnkNown.
    Reparo que também coleccionou memorias na região da Amarante. Também teve sorte!

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