Cliff Richard no Copo | Adega do Cantor

Num dia chuvoso de agosto em Portugal, visitei a Quinta do Miradouro de Nigel Birch, na Guia, Algarve. Apresenta-se como uma propriedade vínica muito bonita, com dez hectares e que integra o projeto A Adega do Cantor juntamente com a Quinta do Moinho, do cantor Cliff Richard, e o Vale do Sobreiro, de Max Birch. Na primeira quinta, onde se encontra a adega, cultivam-se Viognier, Syrah, Aragonês e Alicante Bouschet. Na segunda quinta, a responsável por esta parceria, onde inicialmente havia uma plantação de figos, encontram-se as castas Syrah, Antão Vaz, Aragonês, e Arinto. Na terceira e última quinta a integrar o projecto, encontram-se Syrah e Verdelho, num total de 26 hectares.
Fui recebida pela Eugénia, que me levou a passear pelas vinhas na companhia de uma chuva miudinha, que teimava em nos acompanhar e em beijar o meu querido Livrinho, infelizmente pouco imune aos seus suaves toques!
Rodeada pela Viognier, a casta branca francesa, pronta a ser vindimada, ouvi a explicação bem humorada e em inglês da Eugénia, onde descobri as marcas engarrafadas Vida Nova, um blend de castas, Onda Nova, uma aposta em vinhos monocasta, 3Q, um vinho que tenta ir ao encontro de um público mais jovem, com uma carica em vez da típica rolha de cortiça (para economizar), e, por último, Cantor 75, uma marca exclusiva para o mercado dinamarquês. 
Eugénia também referiu que o vento soprado pelo mar isenta estas vinhas das pragas que normalmente as atacam, potenciada pelo tipo de condução especial das videiras, o sistema de treliça Smart-Dyson, que faz a gestão dos troncos, dos caules e dos cachos, através da separação das folhas, de modo a que se dê mais fotossíntese. Doutro modo, as sombras poderiam impedir a maturação eficaz das uvas e promover doenças.
A vindima, já iniciada, levou-me pela adega onde pude ver a recepção das uvas e parte do processo de vinificação.

A primeira prova foi Vida Nova Branco 2018, um vinho com as quatro castas brancas das três quintas, onde a tangerina era evidente na boca e no nariz. Seguiu-se  Onda Nova Viognier 2017, um vinho mais doce e tropical, no qual o pêssego se mostrava sem vergonha, o vinho sugerido para acompanhar o famoso Frango da Guia, prato típico da região.
Também experimentei o Vida Nova Rosé 2018, de cor salmão, que foi seguido pelo Vida Nova Tinto 2015, com 14,5% de volume alcoólico, produzido com 80% Syrah, 20% Aragonês. Possui uma cor muito carregada e uma lágrima gorda e presente. Na boca, os mirtilos e as amoras enlaçavam a pimenta preta na língua, num vinho muito aromático que convida a brindar e beber mais. Este foi muito acarinhado pelos jovens de vinte anos presentes, devido ao equilíbrio entre aroma e sabor que possui e ao fim de boca longo e prazeroso, indicado para quem inicia a sua caminhada pelo longo mapa dos vinhos portugueses.
Fiquei com vontade de provar o vinho Norte & Sul Branco 2013, um blend de vinhos do Algarve  e do Douro, com a assinatura do Cliff e da Laura, a proprietária da Quinta da Casa Amarela, esta quinta situada entre as cidades da Régua e de Lamego.
Eu, que aprecio vinhos fora da caixa, adquiri um exemplar para mais tarde me aventurar.

Portugal, tão pequeno, é tão grande em riqueza vínica.
Aqui está um cantinho muito estimado por estrangeiros com alma vínica portuguesa. 
Bem hajam!



Até breve, 



Menina do Livrinho . wine

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