In.vi.si.bi.li.da.de ou Invisibilidade?

Aragonez?
Se a minha memória não falha — e não está a falhar—  a casta de uvas tintas Aragonez no Alentejo (também escrita Aragonês) é a casta Tinta Roriz no norte de Portugal. Em Espanha, é ainda designada de Temperanillo (entre outros), devido à sua maturação precoce, isto é, a uva que fica pronta a ser vindimada mais cedo. 
É a casta tinta ibérica por excelência, dada a extensão de cultivo que esta possui nos dois países.


Tudo isto, para concluir que estas uvas após serem vinificadas originam vinho tinto.
Contudo, o vinho da garrafa é branco!!!!!!
Falo do Invisível, branco, Aragonez 2017 da Ervideira, um vinho cheio de pequenas histórias e que aprecio em beber.
Este vinho é, assim, chamado de blanc de noir,  um branco de uvas tintas.
Conheço os responsáveis pelo projecto, Duarte Leal da Costa e o seu filho Bernardo. São verdadeiros apaixonados pela sua casa e pelos seus vinhos. Esta família prima por produzir vinhos com processos muito originais, para além dos que eu hoje vou referir.


Ora então, como o Bernardo me contou, o Invisível é um moon harvest, ou seja, é um vinho onde a vindima é realizada durante a noite para as uvas se manterem nas melhores condições.
Outro pormenor interessante é que o vinho é feito da lágrima de uvas.
Como? As uvas não choram, não!!!!!
A lágrima é o primeiro sumo que sai quando se faz a prensagem na vinificação. O melhor do melhor e ainda sem cor de vinho tinto.
E a terceira peculiaridade é este ser lançado todos os anos, no dia 1 de Abril, como se de um engano se tratasse!

A última vez que o bebi foi num jantar agradável da dupla José Silva e Álvaro Costa, no Avô Arnaldo Petiscaria & Restaurante. Enquanto tinha o Invisível no copo, no prato foi servido o Bacalhau à Bruxa, um receita que o Chefe Álvaro foi buscar às origens da cozinha de Matosinhos, um projecto e filosofia que tenho vindo a apreciar imenso. 

Voltando à harmonização.

Este vinho branco com laivos rosados é particularmente aromático. Sentem-se as flores, a casca da lima e do limão, que se completa na degustação de uma acidez gostosa, com os taninos que recebeu por ser um vinho branco de uvas tintas, onde prevalece uma doçura apaixonante. Para melhor o apreciar sugiro comida.

Como já referi, a harmonização de um bacalhau cozinhado ao lume "com amor" em três camadas de batata, cebola e bacalhau e um vinho produzido "com paixão" remonta-me à memoria um delicioso momento, a repetir.

In.vi.si.bi.li.da.de  ou Invisibilidade?


Até breve,

Menina do Livrinho . wine

Comentários

  1. Excelente partilha ML, é um vinho diferente e que de certo poderá ser uma boa opção para acompanhar uma refeição em dias mais quentes.

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    1. É um vinho muito gastronómico. Sugiro que seja bebido entre os 6ºC e os 8ºC, uma temperatura muito apetecível no Verão.

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  2. Gosto de vinhos e da cultura do vinho mas sei pouco sobre o assunto. Talvez este blogue me ajude a saber mais! Brindo a isso!

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  3. Que interessante! Não sabia que um vinho tinto podia ser transparente.

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