De canhão... só balas de vinho | Quinta do Ortigão

Ortigão pode significar, no sentido mais antiquado da palavra, um canhão que atira pelouros (balas) de pedra. Na realidade, Ortigão significa saudade e união.
A Quinta do Ortigão está na sua quarta geração familiar, sob a tutela do Pedro Alegre e dos seus irmãos. 
O bisavô Justino do Pedro produziu o primeiro espumante português através do método clássico — que foi estudar e buscar a Champagne, França — em 1893, com uvas brancas da Bairrada, nas Caves Monte Crasto.
Começo com um vinho em que se respira frescura e gelo, o Quinta do Ortigão Arinto Bical 2016, que se mantém na boca. Os espumantes, um vinho branco de uvas tintas (a uva mais famosa da Bairrada, a Baga) e um outro vinho produzido com as castas Arinto, Bical e Chardonnay, mantêm-se fiéis aos ensinamentos do bisavó Justino e ao prazer que este senhor tinha em bebê-los.
Nesta prova, abordou-se um projecto lançado há um mês, Talhão dos Manos 2016, dos irmãos Pedro e João, que em verdadeira irmandade tratam deste talhão, deste pedaço de terra, das suas videiras, folhas e uvas de uma forma muito pessoal. Aqui, o vinho, que estagia em barricas novas durante nove meses, oferece um perfume a violetas frescas com toques subtis de frutos vermelhos silvestres. É uma excelente companhia para uma tertúlia, estando presente na boca sem ser exuberante, no equilíbrio das castas Baga, Touriga Nacional e Tinta Roriz.
Mantendo o cunho da irmandade, surge o 4 Dezasseis, uma homenagem sentida ao falecido irmão Manel.
Este vinho é encantador, por se conseguir sentir o salgado das lágrimas saudosas.
O seu nome, começou por ser 4 de quatro irmãos, ao qual se juntou o dezasseis, pertencente ao número mecanográfico da tropa do Manel, 416, que o Pedro descobriu no pijama do exército que herdou, após a morte daquele irmão.
Produzido com uvas de Tinta Roriz, Touriga Nacional, Cabernet Sauvignon este vinho repleto de taninos, transborda de fruta vermelha e erva, num sabor salgado que perdura. 
Aqui, recomendo um queijo, um presunto fatiado ou até mesmo o belo Leitão da Bairrada.

Numa família onde o vinho é História e histórias, o prazer de o beber está genuinamente presente.
Para terminar, esta família assessorou-se do enólogo Osvaldo Amado, outra personagem vínica cheia de história.

Estou a visitar a Bairrada, pelo que ainda tenho mais surpresas para oferecer.


Até breve, 




Menina do Livrinho . wine

Comentários

  1. Boas visitas pela Bairrada , região de vinhos com personalidade e gentes resilientes

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    1. Verdade! Uma região vínica que me recebe com carinho e mestria!

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    2. E também é verdade que um dos meus melhores amigos partilha comigo excelentes exemplares de vários anos e diferentes castas! Estou-lhe muito grata! Um beijinho!

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