Menos bons?

 Alguns leitores tem-me perguntado se não encontro vinhos "menos bons".

Claro que encontro!

No universo de vinhos que provo, encontro-os para todas as definições e gostos. Como tudo na vida, eu posso optar escolher, e escolho bons momentos, bons vinhos e bons amigos.

Dedico-me da mesma forma a todas as história que escrevo, no entanto, o prazer vem com as histórias que falam de boas memórias, e que podem fazer o mesmo por ti. Para quê gastar tempo e energia em histórias tristes?


Algumas notícias de vinho


— Vinho com 548 anos repousa, agora em cuba de inox, na cave de um hospital de Estrasburgo. A barrica de 300 litros contendo um vinho de 1472 está na Alsácia, a ser reparada pois estava a verter. O vinho branco seco que foi dado como apto para ser bebido, foi analisado organolepticamente, em 1994, pelos enólogos do laboratório da Direction Générale de la Concurrence, de la Consommation et de la Répression des Fraudes, de Estrasburgo e seu veredicto foi: “O vinho tem uma cor muito bonita, brilhante, muito âmbar, um nariz poderoso, muito fino, muito complexo, com aromas reminiscentes de baunilha, mel, cera, cânfora, especiarias finas, avelã e licor de frutas...” (Recolhido da Revista Adega, Brasil, Fevereiro de 2019).

— Garrafa de vinho da Madeira foi deitada fora intacta e encontrada junto com outra aberta, mas quase cheia, produzido por volta de 1679. Descobertas numa escavação arqueológica em Londres, supõem-se que o seu proprietário, o artilheiro-mor de Inglaterra, não teria gostado do vinho, com um sabor muito seco e as tinha deitado fora. Não está considerado um vinho de qualidade e foi produzido antes de os vinhos da Madeira serem fortificados.

Antes desta descoberta, o vinho mais antigo conhecido era um Tokay da Hungria, doce, de meados de 1680. (Referências recolhidas na Essential Madeira Islands).

— A garrafa com o vinho mais antigo do mundo permanece intacta e fechada. Produzida entre os anos de 325 e 359, no século IV depois de Cristo, o vinho tem cerca de 1650 anos de idade. A sua garrafa pode ser vista no Museu Histórico do Palatinado, em Speyer, na Alemanha. Esta não foi aberta nem analisada e  "apenas um homem lida com a garrafa, porque todas as outras pessoas têm “muito medo" de a partir". A garrafa de um litro e meio foi descoberta durante numa escavação à tumba de um nobre romano que viveu na Alemanha. (Referências recolhidas na Super Interessante).

Este respeito demonstrado pelo vinho é o mesmo que eu tenho. 


Um vinho começa com uvas. As uvas começam na vinha. E a vinha começa no sonho de um viticultor.


A história do vinho começa na vinha, ao terceiro ano. Passaram-se três anos para esta se tornar produtiva. Com a chegada do outono e as suas temperaturas mais baixas, a videira suspende a sua actividade e, as folhas tornam-se amarelas e caem. No princípio do inverno, a videira entra em repouso vegetativo até à primavera. Neste período, o viticultor realiza a poda e vários tratamentos que revitalizem a videira na próxima colheita.

choro dá início a um novo ciclo vegetativo da videira, perto do início da primavera, onde pelos cortes da poda, a planta perda seiva.

No abrolhamento, os gomos deixados na poda ficam parecidos com algodão, e aumentam de volume e nascem pequenas folhas verdes.

Antes da floração aparecem os cachos, dá-se a sua separação e a separação dos botões florais, e da flor nasce o fruto, a uva.

Os bagos de uva passam de "grãos de chumbo" a "bago de ervilha", até atingirem o tamanho e forma que depende da sua casta. Até aqui não há diferença entre a cor das uvas brancas e tintas, mantendo-se a coloração verde e a pele opaca.

Na maturação, chega a fase do pintor,  que é o aparecimento da cor tinta nos bagos tintos e da película translúcida nas castas brancas. Depois, a uva amadurece e acumula açúcar e outros compostos. Este período termina com a vindima, que poderá ocorrer no final do Verão ou no princípio do Outono.

Com a vindima vem todo o trabalho na adega, para transformar a uva em vinho e  que pode ser de alguns meses ou de vários anos, ou várias décadas, conforme o sonho do enólogo.

Um enólogo disse-me, uma vez, que 800 uvas de Pinot Noir fazem uma garrafa de vinho. Uma garrafa.


Um pouco de respeito.


É tudo o que sinto por todos os que colocam vinho numa garrafa.
Por este motivo, só refiro os vinhos que gosto, adoro ou prefiro. 
Lógico que um vinho de 5 euros não oferece o mesmo que um vinho de 50 euros. Mas tenho tido a sorte e privilégio de beber vinhos deliciosos para cada gama de preços e é isso que pretendo que chegue até ti.
Neste caminho, tenho encontrado pessoas encantadoras, tenho vivido momentos deliciosos e tenho estudado, ouvido e aprendido. 

Também tenho encontrado restaurantes dos quais me apetece falar, pois encantaram-me, mantendo sempre a imparcialidade na minha opinião.

Espero ter-te esclarecido, a ti, a ti e a ti.

Bebe vinho. Há sempre um pronto para ti e para o valor que queiras gastar.

Portugal tem um dos melhores mapas vínicos do mundo.

Permite-te. Enjoy.

Até breve


Menina do Livrinho . wine

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