"No cruzamento de dois segmentos de recta do logótipo,
existe um ponto X, onde dois homens se encontram, amigos de longa data, e onde
criam este projeto, o Quinta do Val Moreira." - Contava um dos enólogos.
As suas silhuetas, a da esquerda de Jorge Rebelo Almeida e a
da direita de António Parente, mostram que a sua visão é o infinito. Num laivo
de genialidade, adquiriram esta propriedade centenária, já existente no Mapa
Vinhateiro do Barão de Forrester com uvas e algum vinho, e instalaram o Vila Galé Douro Vineyards. (o link para reservar)
Aqui, nesta quinta, convive o hotel e a adega, numa harmonia
que se sente e se ouve.
O staff do Vila Galé, orientado pelo diretor hoteleiro Vasco
Parente (que eu batizei de Jorge, não podia deixar de mencionar aqui a minha
gaffe, já desculpada) flui com a paisagem, proporcionando agradáveis momentos.
A adega escavada na rocha pelo antigo proprietário, tem uma
parede esculpida
pela água deslizante, produzindo uma
sonoridade ondulante (carregar para ouvir) . Esta melodia entrelaça-se com o som do vento a brincar com as folhas dos vinte
e seis hectares de vinhas e uvas, onde a equipa de enologia constituída pelos
enólogos Bernardo Cabral, Filipe Sevinate Pinto e Ricardo Gomes, o viticultor
Márcio e a sua equipa, a regem.
A viagem do Porto até Armamar é sempre relaxante, e a
chegada ao meu destino foi de puro deleite.
O quarto onde fiquei chama-se Touriga Franca, e é tão
duriense, elegante e pacificador com a cama situada no meio e estrategicamente
virada para a janela, como o barco rebelo no rio Douro do mural da parede (do
próprio quarto).
O spa de vinoterapia, as maravilhosas piscinas integradas
nos socalcos bem delineados da encosta, a vinha, o presente laranja do
amanhecer, o acobreado do anoitecer e as pinceladas verdes do vinhedo ainda com
alguns cachos maduros de uvas por recolher fazem querer ficar e relaxar.
O meu foco é o lançamento nacional dos vinhos desta casa.
Por isso, num trajeto entre vinhas, degraus, rios, conversas animadas e
sorrisos, dirigimo-nos ao rooftop onde iniciámos a prova.
O primeiro vinho apresentado no lançamento, o Val
Moreira
Branco de 2019, com aroma tropical, alegre acidez marcada na ponta da língua, o
sabor à cor verde, o corpo já evidente, o facto de ser seco e a presença longa
e deliciosa, conferem-lhe uma originalidade única. Tive oportunidade de voltar
a beber ao jantar, e aí voltou a cativar e a acompanhar-me.
Um pouco de história deste branco
Num inverno seco e numa primavera molhada, nasceram as uvas
que o produziram. Estas são compostas por vinhas velhas com cerca de setenta
anos e por vinhas das castas Arinto, Rabigato, Folgosão, Viosinho, Códega do
Larinho e Alvarinho. Em torno de vinte porcento deste blend vai para um
balseiro de madeira onde fermenta e estagia, sendo responsável pela evidente
complexidade num vinho considerado entrada de gama. Não faz batonage, no
entanto, tem algum contacto com borras finas.
O segundo vinho, o Val Moreira Reserva 2019, fermenta e
estagia dez meses em
cinco barricas de quinhentos litros cada. O seu olor já
evidencia o estágio em madeira, e o sabor é um pouco mais doce do que o vinho
anterior. Continuando um vinho seco, é mineral e com nuances de pólvora. O fim
de boca é enorme e a sua presença é vivaz.
Um pouco de história deste reserva
De uma vinha velha da Meda, este vinho surgiu depois de
alegre discussão entre os três enólogos de como o produzir. É um blend de cinco
barricas, em que quatro são de madeira de Carvalho Francês e a quinta, para
além de ser de madeira diferente, de Carvalho Húngaro, também leva uma casta
distinta das outras barricas, a lágrima do Arinto, para lhe introduzir e
promover uma maior acidez.
O terceiro vinho, o Val Moreira Tinto 2018, produzido com as
castas Touriga
Nacional, Touriga Franca, Sousão, Tinta Roriz, Tinta Amarela,
Tinta Francisca e Tinta Barroca, tem olor a fruta muito madura e preta, um
pouco de fumo e de uma intensidade muito perfumante. Na boca, sente-se a secura, os taninos definidos, a
cremosidade, a acidez viva, o chocolate, os frutos pretos e o fim de boca
permanece.
Um pouco de história deste tinto
É produzido com 70% de vinho que estagiou em barrica e 30%
em cuba de inox. O desengace das uvas foi total, fez-se a maceração a frio,
assim como a extração. Este vinho guloso encheu 23 865 garrafas e é considerado
um vinho quente pela sua intensidade e origem.
O quarto vinho, o Val Moreira Reserva 2018, foi
produzido com as castas Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Souzão. É um vinho com imensa cor, mas
que eu acredito, ficar mais o meu estilo, depois de um estágio perlongado na
garrafa.
O Val Moreira Altitude 2018, o quinto vinho, é apaixonante.
As uvas provenientes de uma altitude de 734 metros são de
uma vinha velha, no Douro Superior, onde 20% das uvas são brancas e as
restantes são tintas.
Um pouco de história deste Altitude
Vindo de pequenos vinhedos
do norte da Meda, chegam as uvas compradas que compõem este vinho.
Estagiam em barricas velhas, uma delas em Carvalho
Português, que já pertencia ao anterior proprietário desta quinta.
Como a variedade de uvas é grande e o seu estilo diferente
—brancas e tintas— optaram pelo desengace total das uvas para equilibrar os
diferentes tempos de maturação.
Devo dizer, que este vinho não precisa de comida para o
acompanhar, pois possui uma elegância surpreendente, uma acidez sofisticada, um
volume suave e carinhoso e um fim de boca tão vivo, que faz sorrir e brindar.
Depois da prova vínica, onde se contaram histórias de
cumplicidades entre o Bernardo, o Filipe e o Ricardo na produção destes vinhos,
chegou a hora do jantar servido pelo chef Miguel Santos.
Um pormenor que por vezes é subvalorizado, mas ao qual pretendo dar destaque, é a elegância dos rótulos que acompanham estas garrafas
e que são da autoria da Bianca Levi.
O welcome drink com Canapés de salmão fumado, queijo creme e
lima, Sopa fria de melão e presunto, “Bombom” de batata doce, Pataniscas de
bacalhau, foi servido com Porto Branco Extra Dry Val Moreira e Porto Tónico Val
Moreira.
No jantar servido pouco depois, a entrada consistiu num
delicioso Portobello gratinado recheado com requeijão, presunto, tomate cherry
e azeite, que fez paring com o Val Moreira Branco 2019, o vinho que eu destaco.
O prato de peixe, Filete de Robalo, foi servido com mousse
de aipo e gnochis de alho e agrião com uma redução de vinho tinto Val Moreira e
foi acompanhado pelo Val Moreira Reserva Branco 2019.
O Cabrito assado com batata assada e grelos salteados, o
prato de carne, foi acompanhado pelo apaixonante Val Moreira Altitude Tinto
2018, e embora não tenha comido o cabrito, bebi o vinho. O chef serviu-me bife de
Porco, devido à minha falta de simpatia pelo cabrito.
A sobremesa foi Pudim de Vinho do Porto acompanhado por
pistácios e citrinos e o pelo Vinho do Porto Val Moreira Tawny 20 anos.
Devo dizer-te, que lá, tudo respira romance.
Os casais que pintavam as piscinas, as varandas onde se bebiam drinks e se sussurravam odes, os socalcos castanhos que albergavam bancos escondidos e refúgios com paisagens vivas e de encantar, foram a prova disso.
Há paraísos em Portugal, e este é um deles.
Posso garantir-te que acordar com este sol é começar o dia a
sorrir.
Se pretendes adquirir os vinhos Val Moreira, dirige-te a um Hotel Vila Galé!
No Porto, podes comprar no Hotel Vila Galé Porto Ribeira, no Cais das Pedras, nº17 e no Hotel Vila Galé Porto, na Avenida Fernão de Magalhães, nº7. Para as outras regiões, carregue aqui.
Enjoy Val Moreira!
Até breve,
Menina do Livrinho . wine
Olá, Menina.
ResponderEliminarGostei da música.
Boa escolha.
E, como diz, até breve.