Quantos têm uma garrafa assim ao alcance e não se permitem saboreá-la?
Comecei pelo momento em que a escolhi abrir. Um momento qualquer, sem hora marcada e sem ocasião provável, ou acontecimento marcante.
O mar e o sol invadiam o espaço ainda vazio do copo. Lentamente, comecei o ritual de abrir um vintage que permanecia fechada há quase 60 anos.
Não queria partir o gargalo da garrafa, não queria destruir a rolha...
A música não me saía da cabeça, "..., alheia a tudo, olhos penetrantes, pensamentos elevados, bebia dos lábios...", a rolha saiu perfeita da garrafa e o vinho estava livre de se degustar.
"Dou por mim pensando onde isto me vai levar!" No copo, um rubi acastanhado enche-se de brilho e limpidez. No nariz, a história complica-se. O olor revela aromas de couro, caramelo, geleia de pera, canela, pimenta-rosa e, aqui e ali, chocolate. De forte aroma e sabor, volumosos, redondo e intenso. De acidez viva para não passar indiferente, denso, sedoso e macio como uma carícia, especiado e com notas de chá e caixa de charuto, tem um final de boca que namora o momento, perpetuando o tempo.
Adorava partilhá-lo, mas... vou ser egoísta.
Ou, não! Partilhei-o contigo.
Enjoy it,
Menina do Livrinho . wine
Gostei imenso de o beber.
ResponderEliminarEstou a sentir-me invejoso. Desculpa.
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