A destilaria remonta a 1867, quando os irmãos Murphy decidiram mudar os seus negócios e se unir a quatro destilarias, criando a Cork Distilleries Company.
Esta, em 1966, fundiu-se a duas famosas destilarias de Dublin, Powers e Jameson, que pouco depois levaram a produção de whiskeys de Dublin para Midleton, onde permanece nos dias de hoje.
A cevada entregue exclusivamente pelos agricultores locais é submergida em água, onde fica a germinar durante 4 dias. Antes de ser armazenada, a cevada germinada, chamada de malte, é seca em fornos alimentados a carvão (antracite), um carburante sem aroma ou sabor (um dos pormenores decisivos que o distingue dos whiskeys escoceses e americanos).
O armazenamento é feito no celeiro, o maior edifício do complexo, que, quando repleto, alberga 50 toneladas de grãos. As diversas janelas servem para arejar o espaço devido ao pó que se vai acumulando.
Por fim, alcança-se a etapa da destilação, que se dá num alambique de cobre. A marca Jameson possui o maior do mundo, com uma notável capacidade de 144 000 litros.
O resultado final das três destilações no alambique contém cerca de 84% de álcool, e apresenta-se como um licor muito puro.
Antigamente, o triplo processo de destilação decorria com o enchimento do primeiro alambique de cobre com o "wash" resultante do processo anteriormente descrito. Depois, acendia-se uma fogueira por baixo para elevar a temperatura. Simplificando, a destilação é o processo em que se separa o álcool da água. O álcool evapora aos 78ºC, enquanto a água evapora aos 100ºC. Logo, os primeiros vapores são álcool. Estes vapores voltam a condensar num nova tina, formando um líquido de teor de álcool superior. O processo repete-se mais duas vezes.
Para se fabricarem diferentes qualidades de whiskeys, misturam-se barris de whiskeys de alambique e barris de whiskeys de grão.

Por fim, cheguei à adega.

As barricas encomendadas em Espanha são de Xerez e têm uma capacidade de 500 litros, a madeira utilizada é Carvalho europeu (Quercus Roubar), passada somente pelo lume de forma a tostar e não a carbonizar para acrescentar notas de fruta carnosa, bagas vermelhas, que fornecem tonalidades arruivadas ao whiskey.
No Jameson, o whiskey estagia pelo menos quatro anos e tem uma perda de cerca de 2% do seu volume por ano, uma quantidade generosa no quarto ano (16 litros em 200 litros). A esta perda os irlandeses chamam "a parte dos anjos", pois é inevitável para aferir a qualidade angelical que desejam e uma das razões de o whiskey ser mais caro com a 'idade em barrica'.
O rigor e as diversas destilações enriquecem o Whiskey irlandês em aromas e sabores.
Que dia tão cheio e molhado!
Uma curiosidade é a escrita da palavra.
Na Escócia e no Canadá escreve-se whisky e na Irlanda e nos EUA escreve-se Whiskey. Há outra teoria. Baseia-se no número de destilações da bebida. No whisky ocorrem 2 destilações e no whiskey ocorrem 3. Mas esta teoria exclui os EUA onde a destilação só ocorre uma vez.
O whiskey irlandês é o único que se destila três vezes. Já o whiskey escocês destila-se duas vezes e, o americano, apenas uma.
Até breve,
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